Confesso que há muitos anos eu não assistia nem ao Oscar, muito menos ao VMA`s. Mas quando soube que ia ter uma homenagem ao Michael Jackson logo no início da premiação, já marquei data e horário na minha agenda mental. A internet hoje tira um pouco o elemento surpresa da nossa vida e, logo, eu já sabia que Madonna e Janet Jackson seriam as portadoras da homenagem.
Será que preciso falar que chorei? Chorei novamente a morte do meu ídolo e também chorei algumas coisas colocadas por Madonna. Em seu discurso ela falou várias coisas que me tocaram. A analogia entre a vida e carreira dos dois foi legal. A descrição de um jantar entre os dois, seguido por um filme visto de mãos dadas na casa dela, foi simples, porém profundo. O que mais me toca é conseguir ver, através dos olhos e palavras de pessoas que conviveram com ele, o lado humano de Michael, esquecido por sua carreira que acabou o transformando em uma lenda e pelos escândalos e cirurgias que o transformaram em uma caricatura. Foi legal também ouvir ela contando que os filhos dela dançam Michael pela casa e que ele jogou os óculos escuros que usava pela janela quando ela pediu para ver os olhos dele.
Mas o que me deixou mais pensativa foi quando ela falou que a primeira coisa que pensou quando ficou sabendo de sua morte foi que todos o havíamos abandonado. E me veio uma clareza: esse estardalhaço mundial que rodeou sua morte aconteceu justamente por conta de uma tentativa de negar este abandono. O mundo havia perdido um de seus maiores artistas e nos últimos anos quando ele esteve aí, ninguém se preocupou em viver isso. Agora que ele não vive mais, queremos reviver a sensação de que uma pessoa sozinha pode ser tão única que perde o status de ser humano. Mas é paradoxal querermos resgatar esse sentimento de admiração diante de alguém que é quase sobrenatural, justamente quando o protagonista dessa história passa por aquilo mais humano que existe: a inegável, imutável, morte.
Nós viramos as costas para ele e, principalmente por isso, Michael Jackson será uma lenda eterna, pois é natural da humanidade sempre dar mais valor àquilo que não prestava atenção quando tinha. Mas nós somos assim…sempre correndo atrás do que não pode ser mudado e não é a morte de um cantor que vai mudar isso. Muitas outras coisas e pessoas ainda serão perdidas e homenageadas a exaustão, não só pela saudade, mas por um sentimento de culpa tão discreto, tão escondido no nosso subconsciente que se quer nos damos conta. Bom, pelo menos ainda por muitas gerações, nossos erros e tentativas desesperadas de remendo acontecerão ao som de Michael Jackson e à luz do abandono humano por tudo e por todos que sua figura representa sem mesmo que ninguém perceba.
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